Diário Fotográfico # 41
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca porque metade de mim é o que eu grito,mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza. Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade...
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor. Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo...
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito. E que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba. E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para faze-la florescer porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor! E a outra metade... também.
Oswaldo Montenegro
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